O desenvolvimento sustentável não é um tema de interesse exclusivo da indústria do turismo. O tema da sustentabilidade está hoje no centro da agenda económica mundial, dos países desenvolvidos e dos países em vias de desenvolvimento, não apenas por uma questão de responsabilidade global, que é definitivamente necessária, mas igualmente por uma questão de inovação tecnológica. Reduto onde as economias em desenvolvimento podem e têm a oportunidade de ocupar uma posição de destaque na nova economia, na economia sustentável.
Portanto, o desenvolvimento sustentável não é mais uma opção. Trata-se de uma tendência global amplamente aceite, que vem influindo sobremaneira nos modelos de negócio das empresas, do Estado e no posicionamento da sociedade civil.
Do ponto de vista corporativo, estamos diante de mudanças importantes, aonde as empresas estão a redefinir as suas missões, mantendo evidentemente um compromisso com o lucro, mas deixando também explícitos compromissos para com a sustentabilidade sócio-ambiental. Para tal, vêm sendo integrados indicadores de desempenho que revertem na continuidade das actividades e numa interpretação mais abrangente sobre o papel das corporações e das suas responsabilidades para com a redução da pobreza e as mudanças climáticas.
Este “novo capitalismo”, tal como o chama Muhamed Yunus (Prémio Nobel da Paz), tende a ganhar cada vez mais espaço na agenda corporativa mundial e no tipo de investimentos que os países desenvolvidos e em desenvolvimento desejam atrair.
No caso da indústria do turismo, o desenvolvimento sustentável é uma realidade irreversível, que pode ser compreendida a partir de vários ângulos: o privado, o social e o do interesse público legítimo. No caso do Estado, é fundamental que exista consciência sobre a importância do uso sustentável dos bens públicos. É preciso reconhecer que o turismo é um grande consumidor e transformador do território, da paisagem, da cultura, podendo alterá-los e utilizá-los até à sua exaustão, perdendo a sua utilidade económica original e deixando a sua população numa situação pior do que à anterior ao desenvolvimento registado no sector.
Por outro lado, e do ponto de vista da oferta, a sustentabilidade tem impacto na qualidade dos atractivos e da oferta turística. Afinal, a competitividade de uma empresa de turismo não se pode garantir apenas no bom serviço prestado dentro do empreendimento. Não pode haver um hotel ‘5 estrelas’ num local que esteja em nítido estado de degradação, seja esta de origem ambiental ou social. Existe uma interdependência inegável entre a competitividade das empresas de turismo e a sustentabilidade do destino. Em suma, é preciso evitar e de maneira consciente, que se “mate a galinha dos ovos de ouro”.
Estas são algumas das preocupações que trazem à tona a relevância do conceito de desenvolvimento sustentável aplicado ao turismo. Podendo agregar ainda outras questões como a integração das populações locais, a redução das emissões de carbono, a eficiência energética e reciclagem, o planeamento e zoneamento territorial, etc.. Apenas para mencionar algumas das questões envolvidas.
Mas, por favor, não vejamos estas questões como problemas. Se for assim, vamos perder o foco. Vejamos, sim, verdadeiras oportunidades para o desenvolvimento das economias emergentes, como é o caso de Moçambique. Neste segmento, o da economia sustentável, é possível que nos próximos 20 anos este País ocupe uma posição de liderança, seja na industria do turismo, ou em outras indústrias, como a energética e a agrícola, por exemplo. Mas para isto, é preciso promover sinergias entre os empresários e o Estado, bem como uma visão estratégica de desenvolvimento de País, de médio a longo prazos.
Onde queremos estar e quais os segmentos que queremos liderar nos próximos 20 anos no mercado global de economia sustentável? Você sabe?
Trabalhando em sinergia e mobilizando o mais alto nível técnico deste país, seremos capazes de sonhar juntos e de invistir num segmento que se encontra votado a ganhar pontos no mercado mundial.