quinta-feira, 5 de julho de 2012

É tempo de Gás ( Maputo) - Moçambique


Todo día milhares de mulheres e crianças Moçambicanas vão a procura de lenha e carvão para atender necessidade simples, apenas poder cozinhar, ferver agua para beber e aquecer-se.

Somente nas Cidades de Maputo, Beira e Nampula foram consumidas 8 milhões de sacos de carvão em 2011. Segundo o último inventário florestal, feito pela Direcção Nacional de Terras e Florestas, são estimados cerca de 16 milhões de m3 usados para produzir carvão vegetal, um valor estimado em Madeira de 700 milhões de dólares, mas gerando apenas 300 milhões de dólares no Mercado de carvão local. Está-se por tanto queimando dinheiro.

No ano 2011, em Maputo foram consumidos 3 milhões de sacos de carvão movimentando um mercado de US$ 70 milhões.

Do ponto de vista ambiental o impacto nas florestas da demanda por carvão em Maputo é enorme, tanto é assim que hoje a produção de carvão que atende a cidade vem de até 400 km de distância, quando a apenas 10 anos era produzido na província. O motivo? Não há mais florestas.

Evidentemente, com maiores dificuldades de produzir e distribuir o carvão na cidade, o preço também tende a aumentar. Entre 2010 -2012 o preço passou de 250 mts o saco de carvão para os atuais 650mts, e nada impede que este preço continue a subir.

Embora o carvão em Maputo ainda seja conveniente, no sentido de ser vendido em diversos pontos e em diversas quantidades, o consumo mensal por família nas zonas periurbanas, hoje varia entre 650 aos 750 meticais. Este novo patamar de preços cria uma verdadeira oportunidade para a introdução do gás no segmento de famílias de baixa renda.

De acordo com o estudo realizado recentemente pela SNV em uma parceria com o FUNAE e o Conselho Municipal da Cidade, no bairro da Mafalala, 63% das famílias já percebem o gás como uma alternativa ideal para a cozinha doméstica. Neste bairro, 30% das famílias já combinam o carvão com o gás é tudo indica isto seja uma tendência. 

De acordo como o estudo, o consumidor de carvão hoje teria condições e desejo de pagar pelo gás coisa que há apenas poucos anos, seria impensável.

Os impactos negativos do uso do carvão ao meio ambiente, a economia e a saúde da população justificam a necessidade de um esforço coordenado entre os atores chave do sector para promover o uso do gás na Cidade.

Neste breve artigo não há necessidade de entrarmos no mérito do que é preciso ser feito, isto exige um verdadeiro diálogo multissectorial. Entre tanto temos evidencias para reconhecer  que a distribuição subsidiada de botijas de gás de 3kg, ou mesmo que a subvenção das atuais de 9kg seja um passo importante para facilitar que as 280 mil famílias que hoje utilizam carvão diariamente para cozinhar em Maputo, possam migrar para o gás.

Tonar pessoas de baixa renda, clientes de gás, não é apenas um grande desafio institucional,  mas sobre tudo uma importante oportunidade de mercado.   

Seja como for, uma coisa parece bastante evidente…..

É tempo de gás!



Um comentário:

  1. É mesmo tempo de gás. Não podemos admitir que se continue a queimar dinheiro por conta de uma justificação infundada.

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