quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Maputo na contramão da crise no setor de turismo.

Enquanto a economia mundial de turismo contraiu no primeiro semestre de 2009, África expandiu 3%. As principais capitais do continente africano, entre elas Maputo, vêm apresentando um desempenho superior em termos de taxa de ocupação do sector hoteleiro, de número de eventos e actividades comerciais ligadas ao sector turístico.

Como é possível que, enquanto o turismo mundial encolhe, em África estejamos a caminhar a um ritmo mais acelerado? Como é possível que, enquanto no resto do mundo os investimentos directos em infra-estruturas de turismo estejam a ser reduzidos, nesta região do Sudeste Africano os investimentos continuem a aumentar, e de maneira significativa? Como justificar que enquanto os eventos a nível mundial tem diminuído significativamente (-15%), quando comparados com dados de 2007, aqui no país o número de eventos esteja a aumentar e novos centros de convenções e eventos se encontrem em construção ou em fase de reforma? Que segmento de turismo é este que se apresenta menos sensível à economia mundial e que vem beneficiando sobremaneira Moçambique e a cidade de Maputo, em particular?

O fenómeno que vem sustentando a economia turística de Maputo, assim como de outras capitais da região, está intimamente relacionado com o desenvolvimento de pequenos, médios e grandes eventos.

Na categoria de pequenos e médios encontram-se todos aqueles que acontecem em parte subsidiados, ou estimulados, pela cooperação internacional. Diariamente, vemos faixas promocionais (banners), algumas muito bem elaboradas outras mais simples, mas o que é facto é que as vemos todas as semanas estendidas pelas ruas de maior circulação da cidade, anunciando importantes eventos de interesse nacional.

Estes eventos congregam pessoas de diversas nacionalidades, que, por sua vez, viajam muitas vezes para Maputo apenas para este fim. De igual modo, líderes locais, gestores públicos, técnicos e demais membros do Governo, também são congregados por estes eventos e atraídos à cidade de Maputo.

O que resulta directamente desta mobilização contínua e estruturada de pessoas é um segmento hoteleiro com taxas de ocupação razoáveis, acima dos 60%, um segmento de bares e restaurantes em franca expansão, com novos negócios aflorando, outros reformando e uma, cada vez mais, evidente diversidade de alternativas em termos de gastronomia e lazer.

De acordo com resultados preliminares do estudo da Cadeia de Valor do Turismo, realizado pela SNV (Netherlands Development Organisation) em Parceria com a Direcção de Turismo da Cidade, o turismo projeta-se hoje como uma das mais importantes actividades indutoras de desenvolvimento social e económico da cidade.

A mobilização estruturada de pessoas que resulta do turismo em geral e dos eventos em particular, activa pelo menos 52 atividades económicas que injectam na economia de Maputo algo próximo dos 75 milhões de dólares americanos por ano.

Assim mesmo, a produção artesanal e a venda de souvenires (camisetas, capulanas, etc.) é amplamente estimulada, gerando trabalho e rendimento no sector formal e informal, beneficiando jovens, mulheres e chefes de família, tal como vem sendo identificado pela própria SNV e pela UNESCO, OIT e CEDARTE.

Somente no “ponto turístico” do Mercado do Peixe, foram identificados mais de 250 vendedores de diversos produtos, todos estes comerciantes informais dependentes directamente do turismo para a sua sobrevivência e das suas famílias.

Com isto em mente, podemos admitir que o turismo de eventos é um pilar fundamental da economia da cidade e que é preciso estimulá-lo de modo a que Maputo se consolide neste segmento, atraindo não apenas eventos institucionais mas também eventos corporativos e desportivos, na linha da FACIM e dos Jogos Pan-Africanos.

Por outro lado, é preciso admitir que o turismo de eventos, tal como o conhecemos hoje, não vai durar para sempre. Portanto, será importante discutir como o segmento de eventos institucionais pode alavancar outras ofertas, justificar investimentos de infra-estruturas em zonas da cidade prioritárias e melhorar a adesão dos micro e pequenos comerciantes (formais e informais) nesta cadeia.

Maputo é, hoje, uma cidade cada vez mais limpa, segura, com um forte património histórico e cultural - elementos que precisam de ser trabalhados como parte de uma oferta complementar à oferta dos eventos.

O turista (doméstico ou internacional) quando vem a um evento, tem de ser seduzido a querer ficar mais um dia, a fazer um passeio pela zona histórica, a conhecer um evento cultural e os principais museus e, se possível, inclusivamente, vir a Maputo com a sua mulher e os seus filhos, possibilitando uma experiência de cultura e lazer familiar.

O que é preciso fazer, de momento, é, em primeiro lugar, admitir que Maputo vive de Eventos, o que é bom. Esta é a realidade de São Paulo, por exemplo. Somente os eventos internacionais desta cidade brasileira injectaram, em 2007, 8,5 milhões de dólares na economia local. Por este motivo, São Paulo já compreende o segmento de eventos como uma prioridade e para tal conta com o São Paulo Convention & Visitors Bureau. (www.visitesaopaulo.com)

Em segundo lugar, é preciso que o sector privado procure maneiras de estimular a diversificação da oferta. O sector hoteleiro e as agências de viagens devem-se aproximar e explorar melhor a venda de serviços complementares ao hóspede.

É importante que agências e hoteleiros explorem, mais e melhor, os atractivos históricos da cidade, a orla da “Costa do Sol”, os parques e jardins do Polana, os museus e eventos culturais na “Cidade Antiga–Baixa”, entre outras potencialidades.

Nesse sentido, resulta importante que o Governo da Cidade aproveite este momento excepcional para inovar, estimular o empreendedorismo, e com parcerias público-privadas, continuar com a requalificação do espaço público, embelezando praças e os pontos turísticos. Vejamos o exemplo dos Jardins dos Professores, Jardins dos Namorados na Polana e dos planos para requalificação do Mercado do Peixe e da Praça da Mulher Moçambicana.

A meta deve ser levar a que aqueles que visitam a nossa cidade a gastar aqui todo o seu “per diem/diárias”, e que ainda voltem a casa dizendo à sua família: «Da próxima vez que eu viajar a Maputo, vocês vêm comigo e vamos aproveitar o que de melhor existe e se faz lá».

(*) Assessor Sénior de Desenvolvimento Econômico (Turismo) da SNV

Autor do Livro “Gestão de Destinos Turísticos”, distribuído pela Escolar Editores.

Reflexões sobre o jeito moçambicano de ser e receber

Com lançamento da campanha “Boas Vindas” no dia 10 de Dezembro pelo MITUR, abre-se espaço para um conjunto de reflexões sobre um tema que vem ganhando mais importância na agenda do desenvolvimento turístico nacional. Evidentemente o próprio programa “Boas Vindas” é um sinal disto, refiro-me aqui ao tema da HOSPITALIDADE.

Para começar permita-me que lhe conte como ganhei consciência sobre esta realidade.

Em Setembro deste ano, 2008, tive a oportunidade de colaborar num estudo realizado pela SNV em parceria com o Parque Nacional da Gorongosa. Após 23 dias de trabalho e convivência com as comunidades da região da Serra da Gorongosa, percebi-me pensando o seguinte:

“ Existe um grande caminho por percorrer para desenvolver o turismo nesta região, porém a hospitalidade, gentileza e simpatia deste povo, valem mais do que 10 anos de doações internacionais de apoio ao desenvolvimento”

Foi a partir de minha própria experiência em Gorongosa, e na medida em que tive a oportunidade de conhecer pessoas de diversas Províncias do País, que percebi a força deste valioso capital social e humano de Moçambique.

Por se tratar de uma primeira reflexão que espero que leve a debate o assunto HOSPITALIDADE, acredito que seja importante fazer uma aproximação conceitual ao tema, neste sentido: A final, o que é hospitalidade?

Apenas, com o intuito de localizarmo-nos e sem querer ser exaustivo nem reducionista, podemos entender a hospitalidade de pelo menos dois pontos de vista.

O primeiro, como uma ocupação profissional, uma competência transversal que se espera de todos os profissionais que trabalham na prestação de serviços, principalmente aqueles que atuam nas empresas de turismo.

Por outro lado, podemos entender a hospitalidade como um conjunto de conhecimentos, valores, crenças, atitudes e habilidades que levam um povo a ter um jeito particular de ser, receber e se relacionar com entre se e com os visitantes (turistas), sendo portanto um elemento integrado a cultura nacional.

Neste caso em particular e por se tratar de um tema mais envolvente, prefiro iniciar qualquer reflexão sobre a hospitalidade, a partir do segundo ponto de vista, quer dizer a hospitalidade vista como uma cultura ou “jeito próprio de ser e receber”.

Desde a minha chegada a este país a convite da SNV (Organização Holandesa de Desenvolvimento), pude perceber que o povo Moçambicano embora seja resultado da fusão de um conjunto de povos de diversas etnias, (assim como o Brasil) apresenta-se hoje como um país unificado com uma identidade cultural forte e que compartilha características que permitem



perceber neste povo um jeito único de ser e de receber os visitantes. Isto é o que poderia dar a base para uma reflexão mais ampla sobre isto que se pode denominar de “ Jeito Moçambicano de Ser e Receber”.

Mas, será que existe uma cultura moçambicana de hospitalidade? Existem de fato características próprias a este povo que o diferenciam dos outros povos da região e do mundo? Poderia a hospitalidade do moçambicano, contribuir para o desenvolvimento social, turístico e econômico do país?

Se isto for possível, outros questionamentos surgem: Como fazer isto de forma ética e inclusiva? Como valorizar o jeito moçambicano de ser e receber sem perder a autenticidade ou entrar no mérito da mercantilização da cultura?

Estas são algumas reflexões ou questionamentos iniciais que proponho e acredito encontrarão espaço no contexto das políticas setoriais de educação, desenvolvimento econômico e turismo, assim como no âmbito da pesquisa em Ciências Sociais aqui em Moçambique.

Estes e outros questionamentos poderiam servir de referência para iniciar diálogos, no sentido de reconhecer e dar valor a este ativo “intangível”, a esta, digamos, “segunda pele do moçambicano”.

Para nós que estamos envolvidos com a economia do turismo, não podemos esquecer que é a população local o grande protagonista do turismo e de certa forma responsável pela satisfação dos turistas que visitam um país. Seriam também as pessoas a grande “cola” que dá sentido ao turismo como fenômeno e atividade que se sustenta no intercâmbio de saberes e culturas. Portanto um povo hospitaleiro é uma importante riqueza e um grande capital de um País que aposta no turismo para a diversificação da sua base econômica.

É importante lembrarmos também que a hospitalidade representa em si, um patrimônio popular que não depende da cooperação internacional, nem de grandes investimentos tecnológicos para se desenvolver. A hospitalidade está ali e de maneira evidente no olhar sincero, sorriso e na simpatia do moçambicano, mas também se manifesta de maneira mais profunda e a partir de formas mais elaboradas nas danças tradicionais, nos ritmos, na gastronomia e na produção artística (que é vasta).

Neste momento e como primeira provocação, apenas queria evidenciar a importância de se adquirir consciência sobre esta segunda pele do moçambicano a hospitalidade, no sentido de buscar formas consistentes para sua efetiva valorização e assim poder imprimir definitivamente uma contribuição na marca de Moçambique como destino turístico.

Finalmente, podemos associar ainda a hospitalidade a um elemento da cultura popular que pode vir a colaborar com a consolidação de um clima social positivo, que promove o orgulho de ser moçambicano e que contribui com a auto-estima da população, lembrando que é esta afinal, e na minha opinião, o verdadeiro motor do desenvolvimento sustentável de um País.

Federico Vignati
Assessor Sênior de Desenvolvimento Econômico (Turismo) da SNV.
Autor do Livro: Gestão de Destinos Turísticos
fvignati@snvworld.org

Reflections on the Mozambican way of being and welcoming

With the launch by the Ministry of Tourism of the third edition of the “Boas Vindas Program” campaign launched on December 10th 2008, an incentive was added in the opening up of space for reflections on a subject that has been gaining greater importance in Mozambique in the development of tourism. Evidently the very same programme “Boas Vindas” bears testimony to that fact. I refer here to hospitality.
To begin with let me relate a story about how I became aware of this reality.
In September 2008 I was privileged to be involved in a study conducted by SNV in partnership with the Gorongosa National Park. After 23 days of work and interaction with local communities in the Gorongosa Mountains I found myself thinking:
“there is still a long way in the development of tourism in this region. However, the hospitality, the kindness and sympathy of these people are worth more than 10 years of international development aid”.
It was from my first own experience in Gorongosa, since I was able to meet and interact with people from different provinces, that I came to appreciate the value of this social and human capital for Mozambique.
Being the first reflections on the subject of hospitality, I believe it is important to offer some conceptual framework to the issue. In that sense, one could begin by asking the question: What, after all, is hospitality?
Simply with the view to locating ourselves and without attempting to be neither exhaustive or being driven by reductionism, it is possible to understand hospitality at least from two points of view.
First, as a professional occupation, an across the board competence expected of all professionals who work in the services provision industry, particularly those who work in the tourism industry.
On the other hand, we can try to understand hospitality as a body of knowledge, values, beliefs, attitudes and abilities which characterise people’s way of being, the way they welcome visitors (tourists) and relate to one another, being, therefore, an integral element of the national culture.
In this particular case and because it is a theme that is more involving, I would prefer to begin any reflection about hospitality starting from the second point of view, that is hospitality as seen as a culture or a “peculiar way of welcoming”.


Since my arrival in this country at the invitation of SNV (Netherlands Development Organization), I have been able to understand that Mozambique, although being the result of an amalgamation of different people, with a diversity of ethnic groups (just as in Brazil), projects itself today as a unified country with a strong cultural identity and which shares certain features which make it possible to understand in these people a unique way of being and of welcoming visitors. This is what could offer a basis for a more comprehensive reflection about what we might call “the Mozambican way of being and welcoming”.
But can we affirm that there is a Mozambican culture of hospitality? In fact, are there any intrinsic characteristics of this way of being that differentiate them from other people in the region and in the world? Could the Mozambican hospitality contribute to the country’s social, economic and tourist development?
If this is possible, other questions arise: how to achieve that it in an ethical and inclusive manner? How to value the Mozambican way of being and welcoming without losing the authenticity or venturing into the merits of cultural mercantilism?
These are some of the initial reflections or questioning that I propose and believe will find space within the context of policies in education, economic development and tourism, as well as in Social Sciences research here in Mozambique.
These and other questions could serve as references in initiating a dialogue aimed at recognising and value this “intangible” asset this that we could recognized as a “ second skin of mozambicans” .
We who are involved with tourism economy cannot ignore the fact that it is the local population the main protagonist in tourism, and in a way responsible for making tourists feel welcome. It would also be the people the big “glue” that gives sense to tourism as a phenomenon and an activity that sustains itself in the bases of knowledge and cultural exchanges. Thus, people’s hospitality is an important asset for a country that sees in tourism a valuable instrument for the diversification of its economic base.
It is also important to remember that hospitality itself represents a popular asset that does not depend on international cooperation or large-scale technological investments in order to develop. Hospitality is there and so evidently in the honest look, smile and kindness of the Mozambican people. It also manifests itself more profoundly and in more elaborate forms in the traditional dances, the rhythms, the food and the vast artistic production.
As a first provocation for now I only wanted to raise our consciences about the importance of this second Mozambican skin, hospitality, in order to find consistent and effective ways to value it in order to let this important asset make a strong print in Mozambique’s experience and brand as a tourism destination.
Finally, we can still associate hospitality with an element of popular culture, which can contribute to the consolidation of a positive social environment, which promotes Mozambican pride and self-esteem, what most people considered and I definitely agree will be the true engine for the sustainable development of any country.

Federico Vignati
PhD in Applied Economics (Tourism)
SNV-Mozambique Senior Economic Development Consultant (Tourism)
Author of the book “Gestão de Destinos Turísticos” (Management of Tourism Destinations.

Pode o turismo alavancar a economia da cidade de Maputo?

Nos últimos anos, a cidade de Maputo tem mostrado uma forte capacidade para se posicionar no sector do Turismo de maneira competitiva. Isto manifesta-se de maneira evidente pelo facto de Maputo ser responsável por 40% do volume total das receitas derivadas do turismo em Moçambique.

O dinamismo do sector constata-se pelo aumento progressivo da oferta de bares, restaurantes e diversos tipos de acomodação. Por outro lado, verifica-se um aumento sensível na qualidade e quantidade de eventos culturais de entretenimento, entre demais actividades associadas ao sector turístico. Tudo isto num período de tempo relativamente curto, o que manifesta a criatividade, vitalidade e vocação da cidade para o turismo.

Quem visita Maputo facilmente se apercebe de que a cidade se está a tornar numa capital multicultural. Um conjunto de factores corrobora isto, podendo destacar-se a forte presença de agências de cooperação, de ONG´s estrangeiras, além da presença de importantes empresas multinacionais que possuem os seus escritórios regionais sediados na capital moçambicana.

A multiculturalidade de Maputo resulta e se sustenta, sobretudo, pela sua base de identificações constituída por uma diversidade étnica e sóciocultural que confere à cidade a vibração de uma urbe jovem, em expansão e com uma forte capacidade para atrair e desenvolver talentos. Evidentemente que tudo tal cenário agrega valor à imagem da cidade e à experiência turística, tornando-a mais rica e multidimensional.

Tendo como pano de fundo a organização do Campeonato Mundial de Futebol a decorrer na África do Sul em 2010, e de acordo com o ciclo de crescimento económico vivenciado, a cidade está a receber investimentos importantes para a revitalização das acomodações. São estes os casos do Hotel Polana, Hotel Cardoso, Indy Village, entre outros actualmente em estado de reforma para além de outros novos investimentos em curso.

De acordo com o Ministério do Turismo, entre 2008 a 2009, 40 milhões de dólares norte-americanos estão a ser investidos no sector do turismo na Cidade de Maputo. Os projectos apresentados pelos investidores indicam que este capital irá gerar directamente 3.240 empregos novos e outros 9.720 postos de trabalho de forma indirecta, a nível local.

Ao mesmo tempo, outras actividades importantes ligadas ao sector do turismo estão a ser objecto de apoio adicional do Governo e instituições locais e internacionais de desenvolvimento, com particular destaque para as áreas de cultura e formação vocacional.

Na área cultural, é possível identificar iniciativas marcadas através de eventos teatrais, musicais, espectáculos de dança e manifestações culturais tradicionais resultantes de esforços levados a cabo por promotores culturais privados e do sector público. Aqui se pode destacar nas artes e no artesanato a CEDARTE, a ANARTE, o Cantinho dos Artesãos e o Programa de Indústrias Criativas da UNESCO.

Na área de formação vocacional, a SNV tem realizado um importante trabalho de assessoria técnica com os órgãos competentes, contribuindo para uma unificação dos critérios de formação. Assim mesmo, está sendo desenvolvida uma iniciativa em parceria com o governo brasileiro, e com o SENAC em particular, no sentido de fortalecer a capacidade institucional nacional para a capacitação dos profissionais do sector.

O ciclo de desenvolvimento do turismo na Cidade de Maputo deve ser estimulado como forma de minimizar e superar os impactos da crise financeira internacional e tirar vantagem da actual situação.

Nesse sentido, surgem vários desafios como meio de capitalizar a presente estabilidade social e política; a forma particular de ser e de estar dos citadinos de Maputo e o ambiente vibrante de que a cidade goza. De igual modo, é importante tirar partido do ambiente de negócios inovadores e criativos que se desenvolvem na cidade, principalmente pela forte entrada de capital financeiro e humano (nacional e estrangeiro), além da localização excepcional da cidade do ponto de vista logístico.

Neste âmbito, levantam-se diversas questões no sentido de identificar as intervenções prioritárias nas axtividades-chave ligadas ao sector do turismo, particularmente aquelas que podem resultar num forte impacto em termos de benefício para as pessoas de baixa renda e em particular para os empreendedores nacionais, sem descurar os empresários e as empresas estrangeiras que trazem consigo fortes e interessantes sinergias com os mercados regionais e internacionais de longa distância, além de experiências e práticas que muito podem contribuir para fazer evoluir o cenário geral do turismo no espaço de Maputo.

Este cenário traz à luz importantes questões que devem ser objecto de reflexão dos governos local e central, e que podem ajudar a perceber formas apropriadas e eficazes de intervenção a partir da perspectiva de dinâmicas propostas pela aplicação da actual política económica.

Primeiro, temos de pensar se devemos abordar a economia do turismo a partir da perspectiva da oferta, ou seja, através da visão de quem oferece produtos e serviços, ou por via de uma perspectiva territorial ou de destino turístico.

Enquanto diversos economistas continuam a defender a idéia de uma abordagem sob o ponto de vista da oferta nas intervenções da política económica desde que se consolide a economia do turismo, admite-se cada vez mais que o lado da oferta é, embora eficaz para certas análises, uma perspectiva restrita que não considera a natureza transversal do turismo e os fenómenos sociais e não económicos que ocorrem num território considerado como um destino turístico, uma questão central quando se planifica e se desenham políticas de turismo eficazes.

Neste sentido, uma abordagem territorial ao desenvolvimento do turismo, não só deve incluir a cadeia produtiva tradicional de turismo (hotéis, transportes, agências de viagens, bares e restaurantes), mas ainda integrar outros elementos que influem na qualidade do ambiente público, como a segurança e a saúde públicas, o clima de hospitalidade e a receptividade da população, além de outros factores sócioculturais e ambientais.

Esta perspectiva de desenvolvimento do turismo leva-nos a uma outra etapa na análise sobre como uma política económica de turismo pode contribuir para o desenvolvimento dinâmico e criativo da cidade de Maputo. Este termo “criativo” que se aponta ao longo deste artigo não vem por acaso. Precisamos ser verdadeiramente ousados e criativos para a cidade se afirmar como uma das capitais criativas de África. Este é um dos maiores e mais importantes capitais de um país, o capital da criatividade. Saber explorá-lo é uma arte que a maior parte das cidades mais competitivas e atractivas do mundo estão a compreender e a aproveitar cada vez mais.
Desde meados da década de 70 do século XX, foram desenvolvidos muitos modelos de intervenção, e os mesmos foram aplicados em diversos países em desenvolvimento para efeitos de planificação turística e políticas económicas.

Actualmente, é quase consensual a idéia de que o desenvolvimento do turismo deve ser planeado através de uma abordagem sistémica ou holística, onde por conceito ocorre uma natural interdependência entre os aspectos económicos e actividades não económicas como as infraestruturas, os serviços públicos e qualidade ambiental, estabilidade e inclusão social, sendo este o princípio fundamental do conceito de Turismo Sustentável.

Tendo isto em conta, é possível perceber a importância de um marco normativo e orientador eficaz para o desenvolvimento do turismo na cidade de Maputo. Os decisores políticos da Cidade de Maputo poderiam, neste caso, promover um mapeamento dos pequenos pólos de turismo e cultura que se vêem desenvolvendo na cidade, podendo inclusive tematizá-los e organizá-los num ranking de prioridades de investimento.

Seria importante o seguimento deste mapeamento dos micro-pólos de turismo em Maputo com incentivos para investimentos comprometidos eticamente e economicamente com os 7 Mecanismos do Turismo Pro-pobre como expressos pela Organização Mundial do Turismo.

Estas idéias levam-nos à conclusão de que a actividade turística na cidade de Maputo, se entendida numa perspectiva mais ampla e abrangente, pode ser um elemento fundamental para induzir a geração de trabalho e rendimentos no âmbito local e nacional.

Contudo, este patamar só pode ser alcançado se a Cidade (governo, iniciativa privada e população) trabalharem juntos para capitalizar o seus activos culturais, humanos, ambientais e territoriais estimulando novos negócios e trazendo e retendo na cidade talentos, idéias criativas e capitais dos mais diversos.

Can Maputo’s vibrant tourism sector, leverage local economic development?

In recent years Maputo city has shown a strong capacity to reaffirm its positioning in the tourism sector. This fact can be observed in the continue increasing of tourism demand and the growing spread and reform of bars, restaurants, different types of accommodation, cultural entertainment events and other tourism related activities. This process of innovation and repositioning of current tourism offer may be seen in particular in three main localized tourism areas: Julius Nyerere, Costa do Sol and Cidade Baixa.

While visiting Maputo, it is possible to perceive that the city is turning into a multicultural capital due to the strong presence of international cooperation agencies, NGO´s and important global industries that have their head offices in Maputo. On the other end Maputo being the capital o Mozambique has as its citizens, representations of the majority of national cultures and ethnic groups contributing for a very diverse composition of resident communities.

Maputo tourism sector, is a strong segment of overall economic activity and takes an important role in national tourism development. Although there is a lack on technical studies in order to perceived it’s direct impact on the local economy it is possible to perceive the direct links between tourism and other key activities that enhance economic development opportunities in the formal & informal sectors such as Handicraft Production and Sales, Food & Beverages, Entertainment in general and even to the currently increase of the Leisure Tourism segment based on the attractions close to the town.

Backed on this positive development, Maputo is receiving investments in revitalization and new developments on high and middle end accommodations. This is the case of the Polana Serena Hotel, Hotel Cardoso, Hotel Indi Village currently under reform and other new investments such as Afrin Hotel, Hotel Vip Prestige, among others. According to the Tourism Ministry, between 2008 and 2009, US $40 million dollars are being invested in the tourism sector in Maputo city. According to the projects presented by investors, these investments will generate over 3.240 direct jobs and 9.720 indirect jobs at local level.

At the same time, important tourism associated activities are being objective of further support, by government and development institutions (local & international). For instance, in the cultural sector it is possible to identify consistent initiatives that result from the efforts of various private and public sector promoters like CEDARTE, ANARTE, O Cantinho dos Artesãos and more recently the UNESCO Creative Industries Program.

In the field of vocational skills training, SNV is taking a strong leadership while providing advise to local institutions responsible to develop training solutions. In the other end, a important initiative in vocational skills training in Maputo will be held in the next months with the cooperation of the Brazilian government in particular with SENAC, a leading training organization in the field of tourism and hospitality.

Maputo’s tourism development cycle should be stimulated in order to minimize and overcome the global financial crisis impacts and take to advantage of current situation.

In these sense, many challenges come ahead to capitalize current social and political stability; and the innovative, vibrant business environment that the strong presence of international workers bring in to the city and the exceptional positioning of the city in terms of logistics and distance to regional main attractions.

Regarding the challenges ahead, many questions rise, in order to identify priorities intervention in tourism key related activities, especially those that may result in strong impact for the benefit of the poor.

This scenario brings into consideration important questions that should be objective of reflection of both local and national government and that may help to understand appropriate and effective ways of intervention from the economic policy perspective.

First we have to think weather to approach the tourism economy from the offer perspective or through the lens of a territorial/destination perspective.

While many economists still defend the idea of an offer related approach for economic policy interventions, as long as tourism economy consolidates, it has been more admitted that the offer side is a narrow perspective that does not bring into consideration the transversal nature of the tourism economy, a main issue when planning and implementing effective tourism policy.

In the other hand, when understanding and focusing tourism policy through a territorial perspective, it is possible to perceive a wider combination of elements (economic and non economic) to be considered while planning economic policy interventions.

In this sense a territorial approach to tourism development not only should include the classic tourism supply chain organizations (hotels, transports, travel agencies, bar & restaurants) but still, integrate other important and active organizations (public/private & formal/informal) and social, cultural, & environmental conditions that have important influence on the quality of public space and consequently in positive business conditions that may act directly in the potential to increase job and income opportunities.

This understanding of tourism development takes us to another step in the analysis on what and how a dynamic economic policy could contribute to take advantage of the potential for Maputo’s creative positioning in the tourism sector.

Since the mid 70´s many models for intervention have been develop and used in develop countries in order to address tourism planning and economic policies. Today it is almost a general consensus that tourism development should be planed through a systemic or holistic approach, where there is by concept, a natural interdependence between economic and non-economic activities such as infrastructure, public services and environmental quality, social stability & private sector development within a frame of human capital development.

Having this into consideration it seems necessary that in order to establish an effective normative framework for tourism development in Maputo, it will be important to have in mind the need to contribute for the growth of tourism activities that have a crucial role in stimulation of the different supply chains as well as to promote local assets/attractions (cultural, environmental & geographical) in order to promote new business developments (formal & informal) that may introduce innovation in the overall tourism experience offered by the city as a tourism destination.

Maputo city policy makers need to address a basic but important Tourism Plan, where local micro-clusters and supply chains in different stages of development are identified, analyzed and put in order of priority for further incentives.

It would be important to follow this mapping of Maputo’s tourism micro-clusters with economic policy incentives for investments that address general tourism thematic proposals, based on ethic and strategic criteria’s, such as the UNWTO 7 Pro-poor Mechanisms, and other consolidated sustainable tourism indicators.

These ideas take us to the conclusion that Maputo’s vibrant tourism sector, if understood in a wider and inclusive perspective could be a relevant activity to induce sustainable economic development at local level, taking advantage of its position as a key gateway destination through which flows tourism to the rest of the country.

In order to enhance this process SNV is working next to government (national and local) and partners offering advisory services that are definitely contributing to increase tourism capacity to promote equitable and sustainable economic development in Maputo.

SNV´s commitment to contribute with further pro-poor development will be briefly strength with an important Tourism Value Chain Study that is, currently under planning and that will count with the participation of important key partners form government, private sector, and educational institutions.

But further achieves may only be reach if tight partnerships and dialogue are built among private sector, civil society and government in order to address common issues with synergy and commitment. Maputo has all ingredients to promote an inclusive tourism development model, based on a multi-cultural and multi-attractions destination approach.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Gestão de destinos turísticos: Superando desafios, inovando e construindo um modelo moçambicano

Nas últimas décadas, a economia do turismo tem agregado à sua estrutura técnica um conjunto de conhecimentos científicos que vem contribuir para que iniciativas de intervenção e apoio ao sector alcancem resultados, cada vez mais, concretos e efectivos em matéria de dinamização económica, geração de oportunidades de emprego e apoio ao desenvolvimento sustentável, sobretudo no âmbito local.

Neste sentido, gostaríamos de nos juntar àqueles colegas, especialistas no assunto, que vêm debatendo o tema do desenvolvimento turístico em Moçambique e, em particular, provocando uma reflexão sobre um conceito que se encontra cada vez mais presente no discurso e na prática da política económica do turismo, trata-se da Gestão de Destinos Turísticos.

Para isto, parece necessário começarmos com uma breve análise da situação actual para posteriormente podermos ver como este conceito técnico, próprio da área científica do turismo, nos pode auxiliar em matéria de intervenções públicas e privadas cada vez mais eficazes de um ponto de vista económico e pro-pobre (ou que contribua para o alívio à pobreza).

Na região do Sudeste Africano (SEA) , o turismo apresenta-se hoje como uma importante actividade económica que contribui de forma decisiva com a geração de milhares de empregos, oportunidades de rendimento e com o aumento efectivo dos ingressos públicos (10%), bem acima da média mundial de (5.5%).

De acordo com dados da SNV (Organização Holandesa de Desenvolvimento), referentes a seis países da região do SEA, em 2008 o turismo contribuiu com a geração de 2.2 biliões de dólares em recursos para os Estados da região. Por outro lado, cabe ao turismo a responsabilidade da geração de 1.274.000 empregos ou 8% do total da mão-de-obra empregada nestes países.

No contexto nacional, graças ao eminente trabalho do Ministério do Turismo e do sector privado, a actividade turística em Moçambique vem apresentando uma importante vitalidade, demonstrando a capacidade de contribuir de forma efectiva para o PIB (6%), gerando milhares de oportunidades de empregos directos, bem como contribuindo com a distribuição da renda e valorização do capital cultural e ambiental do país.

Após análise dos dados do MITUR, pode-se verificar que estamos diante de uma actividade económica que apresenta um crescimento médio à razão dos 10% ao ano, que emprega aproximadamente 35.000 pessoas e que rende ao Estado, em impostos, receitas da ordem de 127 milhões de dólares. Neste sentido, o turismo vem conquistando graças à melhoria das condições do ambiente institucional e do mercado, uma posição cada vez mais relevante na agenda económica e na política nacional.

Analisando mais a fundo estes dados, e à luz da experiência empírica da SNV na área de Turismo Pro-pobre (TPP), é possível perceber que a actividade turística de Moçambique, embora apresente importantes sinais de crescimento, precisa investir na diversificação da sua base produtiva, no desenvolvimento de novos produtos e na qualificação integral dos seus destinos turísticos, como forma de melhorar a competitividade da oferta turística.

Tabela 1: Gastos por Dia em países SEA



    2007 2008
2009


1 .Rwanda 250 260
270


2 .Kenya 200 220
270


3 .Tanzania 155 171
188


4 .Zambia 105 112
118


5 .Mozambique 70 75
80


6 .Ethiopia 50 55
70


























Fonte: SNV, 2009

Tabela 2. Permanência média do Turista em países SEA


  2007 2008 2009
1 .Kenya 7.5 8 8.5
2 .Mozambique 2.2 2.5 2.5
3 .Rwanda 4.5 4.5 5
4 .Tanzania 13 13 14
5 .Zambia 6.3 6.4 6.6


Fonte: SNV, 2009

Como se pode observar nas Tabelas 1 e 2, embora Moçambique tenha uma participação de 17% do mercado entre os países da SEA, alguns indicadores de desempenho da actividade ainda são tímidos se comparados com outros países da região e, sobretudo, se comparados com o importante potencial que o turismo representa para o país.

As tabelas anteriores revelam ainda outro dado relevante, o gasto realizado pelo turista que visita Moçambique, assim como seu período de permanência encontra-se no intervalo inferior do conjunto de países a SEA, com apenas 2,5 dias de permanência e 75 dólares de gastos por dia, bem abaixo da realidade de Tanzânia, Kenya e Zâmbia por exemplo.


A necessidade da delimitação territorial

Vale a pena destacar que Moçambique conquistou o seu lugar no panorama turístico africano e hoje apresenta condições excepcionais e fundamentais para o seu desenvolvimento turístico, podendo-se destacar a sua estabilidade social e política, o progresso significativo nos seus indicadores de desenvolvimento económico e humano e a importante base de recursos e atractivos naturais e culturais de alta qualidade que detém, com destaque para a hospitalidade do povo Moçambicano.

Tudo isto nos coloca diante de uma série de questionamentos que merecem destaque:
Como fazer para ampliar o período de permanência e o gasto do turista que visita Moçambique? Como fazer para atrair mais turistas a cada ano e alcançar economias de escala? Como fazer para que o cidadão moçambicano contribua para o crescimento da oferta turística e beneficie cada vez mais da economia do turismo?

Para solucionar estas questões, torna-se importante admitir que o turismo é uma actividade económica de natureza transversal (isto por que influi e é influenciada por um conjunto de sectores). Como tal, torna-se importante entender o desenvolvimento da actividade turística no marco de um contexto específico de territorialidade. Quer dizer de limites, de conhecimentos e de activos próprios de um determinado espaço físico-territorial.

Neste sentido, apenas com o intuito de nos localizarmos e sem querer ser exaustivo em relação a este conceito, podemos entender um destino turístico como:
“Território especializado em atender as necessidades do turista e que faz isto de maneira economicamente rentável, socialmente responsável e ambientalmente eco-eficiente.”

A ideia de destino turístico, portanto, traz consigo uma série de questões-chave para nortear a política económica e a implementação de programas de apoio ao desenvolvimento do sector, como se pode verificar a seguir. Primeiro, a necessidade da delimitação territorial. É preciso definir formalmente o território que será objecto de intervenção e/ou de incentivo. Isto porque se parte do princípio universal que vivemos condicionados pela escassez de recursos.

As demandas de qualificação (legal, física e humana) do território são sempre, ou quase sempre, maiores que a capacidade de intervenção. Neste sentido, a delimitação do território permite uma melhor alocação de recursos e maior sinergia entre os investimentos a serem realizados, e com isto, a esperança de melhores resultados.
Dois exemplos práticos desta referência, são o Programa de Diversificação da Oferta Turística de Inhambane (Cidade e Praias Adjacentes) liderado pela Direcção Provincial de Turismo e pela SNV e o Programa Âncora de Investimentos em Turismo liderado pelo Ministério do Turismo e o International Finance Corporation (IFC). Em ambas as iniciativas, embora a partir de estratégias de desenvolvimento diferentes, pode-se verificar a delimitação territorial como elemento básico e estruturante do desenvolvimento turístico.

No mesmo sentido, deve-se trabalhar no conjunto de províncias/cidades/bairros turísticos e com potencial turístico. É preciso mapear e priorizar aqueles territórios (macro ou micro) que já apresentam níveis avançados de desenvolvimento, podendo destacar e a modo de ilustração territórios como Parque Nacional da Gorongosa e Serra; Reserva dos Elefantes e Ponta do Ouro e necessariamente alguns micro-territórios de Maputo.

Um segundo ponto de destaque, é que o destino deve ser maior que a somatória das suas partes, neste caso as suas partes são os atractivos naturais e históricos, as infraestruturas públicas, a população local, os empreendimentos locais e os activos culturais. O conceito de destino turístico deve encorajar, no âmbito local, a produção e comercialização associada, a cooperação pública privada e acções integradas de marketing, entre outras. Sempre buscando sinergias entre os diversos actores locais que integram, influem e são influenciados pelo território.

Neste âmbito, reflectir no desenvolvimento e marketing de destinos turísticos, sugere uma lógica diferente daquela tradicional que tende para o “individualismo”.

Neste caso, é preciso compreender que o sucesso de um empreendimento turístico (singular) de qualquer natureza depende directamente da qualidade integral do destino. Entendendo-se isto a partir de elementos como: segurança, sinalização, qualidade do meio ambiente, etc, etc.. Assim mesmo, a qualidade do destino tem capacidade de atrair turistas e gerar maiores oportunidades de negócios para cada um dos empreendimentos, beneficiando o conjunto do sector e a população local.

Finalmente, o conceito de destino turístico, traz à tona a necessidade de uma gestão participativa, princípio este que se sustenta numa visão compartilhada de futuro para o destino, aonde todos, população local, empresários e governo tenham voz e capacidade de colaborar nas decisões que podem influir no rumo do desenvolvimento sustentável desta actividade.

Neste sentido, e para finalizar, cabe destacar aqui a experiência e contribuições da SNV para o desenvolvimento do Turismo Pro-Pobre aqui em Moçambique, experiência que alinhada com a perspectiva e o desafio do desenvolvimento de destinos turísticos, vem contribuir com a formação de um senso de unidade, de uma visão de futuro entre população, empreendedores e Governo. Quer dizer, com a formação de uma base de diálogo para a formalização de um modelo nacional de desenvolvimento.

Overcoming challenges, innovating and building a mozambican tourism development approach

In recent decades, the economy of tourism has added to its technical structure a set of scientific knowledge that gives a contribution for initiatives of intervention and support to the sector to achieve more concrete and effective results in terms of economic dynamic, generation of employment opportunities and support to sustainable development, especially at the local level.

This way, we would like to join those colleagues, experts on the matter, who have been debating tourism development in Mozambique and, in particular, creating a reflection on a concept that is increasingly present in the discourse and practice of the economic policy of tourism, the Management of Tourism Destinations.

For this aim, it is necessary to start with a brief analysis of the current situation and then see how this technical concept, common in the scientific area of tourism, can help on issues of public and private interventions increasingly effective from an economic and pro-poor point of view, to mean that it contributes to poverty alleviation.

As already known in the South East African region (SEA) [1], tourism presents itself today as an important economic activity that makes a decisive contribution to the generation of thousands of jobs, income opportunities and the effective increase in public income (10%), well above the world average of 5.5%.

According to the SNV tourism indicators, regarding six countries of the SEA, tourism in 2008 contributed to the generation of US$ 2.2 billion in resources to the states in the region. Also, it is attributed to tourism the generation of 1.274,000 jobs, or 8% of total labor force employed in these countries.

In the Mozambican context, thanks to the eminent work of the Ministry of Tourism (MITUR) and the private sector, tourism industry has shown important vitality to contribute effectively to the GDP (6%), generating thousands of direct job opportunities in different states and provinces and contributing to the distribution of income and enhancement of the cultural and environmental potential of the country.
From the data provided by MITUR, we can see that tourism activity is a business that shows an average growth of around 10% per year, which employs approximately 35,000 people and pays the state tax revenues of US$ 127 million. In this sense, tourism has gained through the improvement of conditions at the institutional/governance and market level a increasingly important position on the economic agenda and in national politics.

Looking deeper into this data, and combining these results in the context of empirical experience of SNV on Pro-poor Tourism (TPP), we can see that tourism in Mozambique, although showing significant signs of growth, needs to invest in the diversification of its production base, exploring the development of new products in order to increase local community participation and improve a more competitive and sustainable development environment.


Table 1: Spending per day in SEA countries.



2007
2008
2009
1
 Rwanda
250
260
270
2
 Kenya
200
220
270
3
 Tanzania
155
171
188
4
 Zambia
105
112
118
5
 Mozambique
70
75
80
6
 Ethiopia
50
55
70


Source: SNV, 2009


Table 2. Average stay of tourists in SEA countries



2007
2008
2009
1
.Kenya
7.5
8
8.5
2
.Mozambique 
2.2
2.5
2.5
3
.Rwanda
4.5
4.5
5
4
.Tanzania
13
13
14
5
.Zambia
6.3
6.4
6.6

Source: SNV, 2009

As shown in Tables 1 and 2, although Mozambique has a share of 17% of the market among SEA countries, some performance indicators are still modest when compared to other countries in the region, especially if considering the great potential that tourism represents for the country.

The previous tables show another important aspect, the spending by tourist who visit Mozambique as well as the period of stay is at the lower range of all the SEA countries, with only 2.5 days of stay and a US$ 75 dollars spending per day, well below the reality of Tanzania, Kenya and Zambia, for example.

It is worth noting that Mozambique presents today exceptional and fundamental conditions for its tourism development. Social and political stability are to be highlighted as well as the significant progress in indicators of economic and human development, the important base of natural and cultural attractions and their high quality, with emphasis on the hospitality of the Mozambican people.



All this puts us in a series of questions that deserve some emphasis:

How to extend the period of stay and spending of tourists who visit Mozambique? How to attract more tourists each year and achieve economies of scale? How to make the Mozambican citizen contribute to the growth of tourism supply and increasingly benefit from the economy of tourism?

To address these important issues, it is necessary to acknowledge that tourism is a transversal economic activity (because it exerts influence and is influenced by a number of sectors) and thus, it becomes important to understand the development of tourism in the framework of a specific territorial context, which means limits, knowledge and assets in a specific physical and territorial space.

As such, and solely in the aim of putting all on the same conceptual stage, although not aiming to be exhaustive on this concept, we may understand Tourism Destination as:

"a territory specialized in fulfilling the needs of tourists and does so in an economically profitable, socially responsible and environmentally eco-efficient way."

The idea of tourism destination, therefore, brings a number of key issues to guide the economic policy and the implementation of supporting programs for the development of the sector, as explained below.

First, the need of territorial delimitation, i.e., there is a need to formally define the territory that will be worked on or for any incentive. This is part of that universal principle which states that we live constrained by the scarcity of resources.

The demands of qualification (legal, physical and human) of the area are always or almost always larger than the capacity of intervention. In this sense, the demarcation of the area in case allows a better allocation of resources and greater synergy between the investments being made, and with it the hope for better results.

Two practical examples of this reference are the Program of Diversification of Tourism Supply in Inhambane, led by the Provincial Directorate of Tourism and SNV and the Anchor Investment Program in Tourism, led by the Ministry of Tourism and the International Finance Corporation (IFC). In both initiatives, while from different development strategies, you can see the territorial delimitation as a basic and structuring element of tourism development.

Similarly, there is a need to work on the number of provinces/cities/tourism areas as well. We must map out those areas (macro or micro) that already have advanced levels of development (clustering) and support them through incentives, and through legal and human structures.

A second point to be emphasized is that the destination must be greater than the sum of its parts, in this case the parts are the natural and historical attractions, the public infrastructures, the local population and the local business and cultural attractions. The concept of tourism destination should encourage, locally, the governance and marketing aspects, the public-private cooperation and integrated marketing activities among others. All this is done in ways to seeking the synergy between the various local actors that are part, exert influence and are influenced by that territory.

In this way, thinking about the development and marketing of tourism destinations suggests certain logic different from the traditional way that tends to "individualism." So we must understand that the success of a tourism venture depends directly on its capacity to promote economic growth while sustaining the social, environmental & cultural assets that make it possible.

Finally, the concept of tourism destination brings to light the need for participatory management, a principle that supports the idea of dividing responsibilities with government, encouraging a democratic based situation where all stakeholders, local people, businessmen and government, have the voice and capacity to collaborate on the decisions that may affect the sustainable development of this activity.


Put this way and to finalize this analysis, it is worthy highlighting the experience and contributions of SNV for the development of the Pro-poor Tourism here in Mozambique, an experience that, when aligned with the prospects and challenges of development of tourism destinations, contributes to the formation of a sense of unity, a vision for the future among people, entrepreneurs and government. It encourages the formation of a platform for dialogue towards the formalization of a national model of development.